Wollner, comentário crítico

Comentário Crítico

Alexandre Wollner é um dos responsáveis pela profissionalização do design no Brasil. Filho de imigrantes iugoslavos, interessa-se pelo desenho na infância. A partir de 1942, tem aulas nos ateliês da Associação Paulista de Belas Artes. Com 22 anos, entra no curso de iniciação artística do Instituto de Arte Contemporânea - IAC, do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand - Masp. Segundo Wollner, a escola é "um centro de estudo e divulgação dos princípios das artes plásticas, visando formar jovens que se dediquem à arte industrial".1  A vivência no IAC permite que ele perceba a possibilidade "da participação social e cultural do artista por meio do design".2  Estuda com Lina Bo Bardi (1914 - 1992), Poty (1924 - 1998) e Sambonet (1924 - 1995).

Em 1951, o Masp o contrata como assistente de montagem da exposição do artista suíço Max Bill (1908 - 1994). O contato com a obra desse artista o aproxima do rigor e objetividade da arte concreta. Interessado no movimento concretista, ele adere, em 1953, ao Grupo Ruptura e apresenta suas pinturas construtivas na 2ª Bienal Internacional de São Paulo. Os trabalhos são agraciados com o Prêmio Pintura Jovem Revelação Flávio de Carvalho. Nesse ano, Max Bill o escolhe para uma vaga na Hochschule für Gestaltung Ulm [Escola Superior da Forma de Ulm], na Alemanha. No período, cria cartazes para mostras de cinema, em parceria com Geraldo de Barros (1923 - 1998), e, em 1954, realiza o cartaz da 3ª Bienal Internacional de São Paulo.

No curso em Ulm, iniciado em 1954, freqüenta as aulas de Tomás Maldonado (1922), Max Bense e Josef Albers (1888 - 1976). Entra em contato com a concepção mais pragmática do design, vista como parte do processo industrial, marcante para sua formação. Na escola, ele também realiza as primeiras fotografias.

Em 1958, Wollner retorna ao Brasil. Nesse ano, funda o Form-Inform, com Geraldo de Barros, Rubem de Freitas Martins e Walter Macedo. O escritório faz os primeiros programas de identidade visual para empresas brasileiras, cuidando de toda a imagem corporativa, do logotipo à embalagem e tipografia. A equipe remodela algumas marcas como Elevadores Atlas e Sardinhas Coqueiro. Em 1962, fora do Form-Inform, inicia, com o artista gráfico Aloísio Magalhães (1927 - 1982), um curso de tipografia no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro - MAM/RJ. A experiência é o embrião da Escola Superior de Desenho Industrial - ESDI, pioneira na introdução do moderno design no Brasil, inaugurada no Rio de Janeiro em 1963.

Na década de 1960, Wollner abre o próprio escritório de programação visual. Desenvolve logotipos para a Metal Leve (1963) e a Eucatex (1967). Em 1970, é eleito presidente da Associação Brasileira de Desenho Industrial - ABDI. Permanece no cargo até 1974. Realiza a programação visual da Bienal da América Latina em 1978. Dois anos depois, mostra seus projetos no Masp e no MAM/RJ. Opta por uma exposição "que mostre o processo de criação, execução e implementação de um programa de identidade visual".3  Em 1999, o Centro de Comunicação e Artes do Senac, em São Paulo, promove a sua segunda exposição individual. Em 2003, Wollner comemora seus 50 anos de design, com o livro Design Visual 50 Anos, publicado pela Cosac & Naify, e a exposição de suas fotografias no Centro Universitário Maria Antonia, em São Paulo.

 

fonte: https://www.itaucultural.org.br/aplicExternas/enciclopedia_IC/index.cfm?fuseaction=artistas_biografia&cd_verbete=546&cd_item=2&cd_idioma=28555